domingo, 29 de novembro de 2015

291 - “ PÁSSAROS DE POETA “ .................................



Naturalmente não entendi a coisa senão passados dois ou três anos, a coisa era a termodinâmica, ainda que por esses dias já estivesse familiarizado com a Tabela Periódica e pela mão da Drª Escária Santos me entretivesse, nos entretivéssemos todos, encerrados nas catacumbas do laboratório de Físico-química de Santa Clara, experimentando alavancas e fulcros, planos inclinados e inércias, soluto, solução e saturação, e através da observação de fenómenos de sublimação entrando sorrateiramente nas propriedades da matéria, dos líquidos, sólidos e gasosos, tudo coisas que contudo não ajudavam no imediato a entender o Mestre Paulino, debruçado sobre uma chapa de cobre aquecida, falando sozinho, pois era assim que falava comigo;

- Entendes Humberto ?

- Percebes Humberto ?

Ele abanando a cabeça, eu de olhos postos no relógio ao fundo da oficina temendo se esgotasse o tempo do feriado e a campainha tocasse a qualquer minuto, abeirado da ombreira espiando a eclosão alquímica de um qualquer “Pássaro do poeta”, nascimento que nunca deixava de me impressionar.

Foi assim que passados uns anos, talvez menos, talvez mais, entendi as propriedades ideais do cobre, um bom condutor de electricidade e calor, cujos efeitos se replicavam ou reflectiam nas cores, digo tintas que ele aplicava na placa, mais liquidas ou menos liquidas, devo dizer densas não é ? E no modo como naquele tabuleiro mágico, fosse ele redondo, quadrado ou rectangular se aglutinavam ou dispersavam as pinceladas, como átomos numa molécula, perdão, como protões, electrões, neutrões e positrões em redor do núcleo do átomo, para ser mais exacto, que isto da Físico-química não é o cadinho de fusão da pedra filosofal mas método de ciência certa e não nos podemos dar ao luxo de divagar sob pena do resultado, ou produto final, não apresentar os atributos, elementos ou propriedades por nós esperadas.

A minha constância a vê-lo sempre que tinha um feriado fosse ele de duas horas ou apenas de uma, e a familiaridade que com ele granjeei mercê da minha ocupação aos fins-de-semana como marçano da “Urbana” do senhor Amado, e aqui devo abrir um parêntesis de dupla intencionalidade, a primeira aproveitando a pergunta da minha amiga Mariazinha que desejava saber se na exposição haveria “Passarinhas”, e a segunda para recordar Mestre Paulino que certo sábado, ou domingo, enquanto eu embrulhava artesanato variado, incluindo quadros seus para ir levar aos CTT, ao recoveiro e ao estafeta Semião, já não recordo bem, lembro apenas que tinham como destino França Itália, GB e USA, lembro dizia eu, Mestre Paulino com muita brejeirice matreira engatilhada ter disparado para o magnata e senhor Amado:

- Ouve lá ó passarão, conta lá como foi que deitaste as garras àquela passarinha ?

E o deitar as garras era nem mais nem menos que alusão soez ao facto do senhor Amado ter montado casa a uma senhora jovem, a quem mantinha, pois nessa altura o handcraft dava para tudo e todos. Quanto a mim, ao ouvir o dislate enfronhei-me nas encomendas fingindo nem ter ouvido nadinha, visto a jovem senhora em questão ser minha tia. Pelo canto do olho vi sua excelência o educadíssimo senhor Amado, surpreendidíssimo, esbugalhar os olhos a Mestre Paulino, enquanto esticava e apontava o queixo na minha direcção, em silêncio, como quem diz; porra Paulino está ali o sobrinho dela foda-se.

Esclareço que a Urbana* era uma grande loja de artesanato ali à Praça do Giraldo e a dois passos do café Arcada, onde Mestre Paulino também expunha e vendia os seus pássaros e outras metamorfoses da cidade. Desse convívio adianto-vos, nasceram os convites para as festas da “Trave” * e a possibilidade de um acompanhamento muito mais próximo da sua obra que, contudo, não aproveitei cabalmente, em especial no período da minha juventude entre os dezasseis e os dezassete anos, período em que a vida me foi deveras agitada, não podendo esquecer nela o acontecimento inolvidável que foi o 25A, o qual me agitaria, sublevaria e excitaria sobremaneira a adolescência que se ia.

Quando me ocorreu que Mestre Paulino poderia ter tido a intenção de inocular em mim o bichinho da pintura era demasiado tarde e já dera outro rumo à minha existência. A admiração pelos “Pássaros do Poeta” ficou-me porém para sempre, foi magia que me tocou, recorrendo à linguagem da arte diria ter sido expressão que me impressionou, ou impressão que em mim se expressou, se recorrendo ao ponto de vista da Físico-química diria ter sido condição que me alterou.

Os “Pássaros do Poeta” eram e são de uma beleza a que ninguém ficará indiferente, em boa hora alguém se lembrou de os propagandear e sobretudo alguém ousou dar-lhe continuidade, corpo, matéria, existência, expressão. Voltando a eles e às “Passarinhas”, prendeu-me a atenção o anúncio da exposição, pois de imediato uma miríade de razões me acudiu ao cérebro, naturalmente poder de novo extasiar-me ou regalar-me ante a saudosa riqueza cromática das composições, cuja magia tantas horas me prendera encostado à ombreira da oficina da Rua do Alfeirão, o que me mergulhou numa década prodigiosa e na recordação das festas na Trave * na entrada no mundo adulto, nos braços e abraços da Luisinha, que conheci num bailarico ainda antes do incontornável 25A, no PREC, na aprendizagem de palavras novas, e na dificuldade e no tempo que demorei a soletrar correctamente a palavra solidariedade. Com Mestre Paulino cedo aprendi o conceito boémio de Rive Gauche, enquanto em casa repetia o disco de Georges Moustaki, “Avril au Portugal” **. Ricos tempos.

Entre as razões que me alegraram quanto à expectativa de voltar a ver os “Pássaros do Poeta” encontra-se o facto, nada despiciendo, aliás para mim o vero e primordial facto de saber se a nova e pré anunciada proposta de co-laboração inter-geracional conseguiria re-criar, re-inventar novas formas de continuidade que lograssem o re-surgimento de tão peculiar passarada, como anunciava a pintora Maria Caxuxa, que durante a visita tive oportunidade de conhecer e com ela travar interessante diálogo. As minhas dúvidas fundamentavam-se na capacidade dela saber, conseguir, e estar à altura de tamanha responsabilidade, à altura do Mestre, um enorme desafio. Não digo que fosse impossível dar continuidade ao Mestre, mas seria obra certamente muito difícil já que o problema se colocaria não tanto em imitar ou falsificar a Sua pintura, os Seus “motivos”, mas antes em dar-Lhe continuidade, o que implicaria perceber, entender o espirito dos “Pássaros” e do Mestre, significaria captar e sobretudo reproduzir a alma e a magia, o ânimo e âmago desse poeta que foi o Mestre Paulino Ramos.

Mais que tudo, foi essa curiosidade que me levou à igreja de S. Vicente, avaliar, aquilatar o propagandeado e publicitado, ver com os meus olhos o desfecho desse desmedido desafio, ou se tudo não passaria de prosápia e vontade de facturar com base em prestigio obtido no passado e no apelido do Mestre. Por isso mal entrei na igreja precipitei-me na busca da nova “passarada”, que é como quem diz na busca das novas composições pictóricas, desejoso de as comparar com as verdadeiras, com as verídicas, ímpeto que me foi sendo travado na justa e exacta medida em que me debati com dificuldade em distinguir as “novas” das “velhas”, tendo cedido completamente quando para as diferenciar, destrinçar, tive que recorrer aos óculos de ver ao perto e à leitura dos pequenos textos que acompanhavam cada uma das composições.

Parabéns à Maria Caxuxa, por ter conseguido o inimaginável, captar o espírito do mestre, captar o espirito dos “Pássaros do Poeta”, dar nova vida aos pássaros, e parabéns à minha amiga Mariazinha que não deixa de ter razão e a quem responderei sim, também lá havia “Passarinhas”, aliás a partir de agora passará a haver muitas mais “Passarinhas da Poetisa” neste nosso mundo da arte.

Parabéns também à “Associação” cujo bom desempenho tem enriquecido a igreja de S. Vicente, a vida da cidade, os artistas e os amantes da arte, facto que justifica por si só que deveria pensar numa reestruturação à altura das responsabilidades a que se propõe, diga-se que apesar do trabalho positivo até agora. Reestruturação que lhe retirasse o caracter de carolice ou voluntariado em que parece movimentar-se, com claro prejuízo para os artistas, para os visitantes e naturalmente para si mesma. Recordo que com a exposição de José Cachatra *** cometera erro de palmatória na apresentação de tendência do citado pintor, e desta vez houve para com Mestre Paulino e descendentes desconsideraçãoa redacção do texto da apresentação da exposição dava-o como vivo. Ninguém merecia isto, é hora dos voluntários cederem o lugar a profissionais, ou estes, se entrados pela porta do cavalo, isto é com cunha, cederem o lugar ao mérito e a quem por concurso se mostre capaz e digno da missão. Obrigado.

Nota: as fotos  foram roubadas ao meu amigo Joaquim Alberto Lourinho Carrapato :D 



quinta-feira, 26 de novembro de 2015

290 - ISRAEL 6 X PALESTINA 2 …….............………

Judeus rezando junto ao muro das lamentações

Ora bom dia caros afilhados, boa quarta-feira, aqui faz um sol lindo mas este paleio é só p’ra vos fazer invejinha eheheheheheheheheheh !!!!!

Retomando a vaca fria onde a deixáramos, ké como quem diz voltando aos judeus, esses bandidos dos israelitas, carrascos dos palestinianos, há quem diga c’agora se deve dizer palestinos…. Cada cabeça sua sentença, há gente que cada vez que vai à casa de banho caga uma sentença…. Olha o Blair que há 3 x 15 dias se veio arrepender da merda que fizeram no Iraque, e já na passada semana o Obama fizera o mesmo, desculpando as diarreias de Bush filho…. Doze anos depois, 12 anos depois e milhares de mortos depois…. Milhares de refugiados depois… E ninguém os enforca, nem a ONU nem o TPI (tribunal penal internacional)…

Mas p’ra que vcs saibam o pk das coisas adianto-vos que antes do fim do Império Otomano (vulgo Turquia), o Reino Unido e a França traçaram com régua e esquadro as fronteiras na região no médio oriente e segundo os seus interesses económicos, completamente alheias ao destino das populações e das etnias locais. Aventuras do tempo de Laurence da Arábia,* espião britânico no mundo otomano (leiam “Os Sete Pilares da Sabedoria”, poupem tempo e não busquem pois não há resumos à venda) e essas consequências fazem-se sentir sobretudo hoje. Mas enfim, era uma vez um gato maltez e … e um coronel britânico e um cônsul-geral francês foram os responsáveis pela dramática situação actual, com o Iraque no centro, o mesmo Iraque onde o Padrinho passou umas férias de turismo de guerra… (Padrinho com letra grande, pois o Padrinho sou Eu).

Mark Sykes e François Georges-Picot, um topógrafo (não tipógrafo) e outro agrimensor, desenvolveram em 1916 um documento secreto que acabou levando o seu nome. No Acordo Sykes-Picot, assim ficou conhecido o documento, “eles”, os fascistas / capitalistas da época, regulamentaram a partilha dos territórios do "antigo" Império Otomano, sem que a população local tivesse conhecimento ou tão pouco metesse prego ou estopa no assunto, apesar do assunto serem elas mesmas, essas populações.

O picante da coisa, feita em cima de joelhos, de joelhos de cócoras e deitados, é que naquela altura o Império Otomano ainda existia, nem esperaram pelo seu enterro. Os últimos líderes políticos e espirituais do império foram os sultões Mehmet 5° (1909-1918) e Mehmet 6° (1918-1922). Politicamente, o califado otomano terminou em Novembro de 1922, com a fundação da República da Turquia por Kemal Atatürk. O califado espiritual dos otomanos perdurou contudo e por esquecimento até Março de 1924, quando, por iniciativa desse mesmo Atatürk, uma lei do Parlamento turco o aboliu. As duas principais potências militares da época, Reino Unido e França, tinham grande interesse na região entre o Mar Mediterrâneo e o Golfo Pérsico por isso havia que legalmente não deixar pontas soltas que mais tarde trouxessem enleios, enredos (pk pensam vcs que em 17-06-1918 os guardas vermelhos acabaram com todos os Romanov a tiro e os atiraram para dentro de um poço?) Em Londres, já no início do século XX os responsáveis haviam reconhecido a importância que poderia ter o acesso às fontes de extracção de petróleo, sempre o petróleo, ou melhor, a partir dali o petróleo que já se adivinhava ir ser mais valioso que diamantes… além disso a região localizava-se precisamente no caminho da principal colónia do império britânico, a Índia.

Paris, por sua vez, possuía uma longa história de relações comerciais com os grandes portos da costa do Mediterrâneo, como Beirute, Sídon e Tiro, as quais queria assegurar por meio do Acordo Sykes-Picot. Para as grandes potências, o destino dos habitantes dessas regiões não importava, que viviam como príncipes dos Saaras e das Mil e Uma Noites e que passaram a viver numa salganhada derivada do estabelecimento de fronteiras a régua e esquadro, vai, ou vão lá ver o mapa e confirmem as rectas traçadas em cima da areia dos desertos….

Quanto aos judeus, dão um travo peculiar à coisa, mas há até quem diga que foi uma pena Hitler não ter acabado com os judeus todos e quem diga precisamente o contrário, eu digo uma coisa nos dias pares e o contrário nos impares… para não contrariar nem uns nem outros e agradar a gregos e a troianos… A verdade atestada pela bíblia, especialmente pelo antigo testamento, o livro mais sensual erótico e violento que conheço, é que os judeus já por ali se arrastavam há mais de 5 mil anos…. Mas… bem…. Os palestinianos palestinos tb… e quando em 14 de Maio de 1948, Israel proclamou sua independência já há anos, séculos ou milénios que travava conflitos com os vizinhos pela posse dessas terras, seu berço histórico…. Seu e dos palestinos….. Menos de 24 horas depois desse golpe cozinhado pela conquista da independência os exércitos regulares do Egipto, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque invadiram o país, (conhecedores da manhosa manobra de fuga dos ingleses afim de garantir a vitória da independência aos judeus…) forçando Israel a defender a soberania que acabara de reconquistar, a defender a “sua pátria ancestral” , no que desde sempre e até hoje foi ajudado… Os judeus são os primos ricos na região, quanto aos pobres e miseráveis dos palestinos ninguém passa chapa…

Ora os palestinos só tinham fundas e fisgas, como praticamente acontece hoje, que poderiam ter feito ?? Ficaram um enclave dentro do rico estado israelita para onde tinham confluído os judeus de todo o mundo fugindo à II GG, eles os judeus e as suas fortunas… judeus com uma rede de conhecimentos de familiares e de amigos espalhada por todo o mundo, enquanto os palestinianos só podiam contar com a solidariedade árabe que como temos visto deixa muito a desejar, além de que os palestinos como já disse eram a parte pobre da equação e ninguém gosta dos pobres, cheiram mal dos pés, têm mau hálito, não tratam dos dentes, cheiram mal dos sovacos, e nem usam um reles Rol-On… imaginem meus afilhados a SAAB a governar-se com os pobres…. Já tinha falido…. A sorte dela são os ricos, a dela e do mundo, pobre só serve p’ra carne p’ra canhão…………

Mas agora que vos dei o contexto histórico vou dar-vos uma data de pensamentos avulso para cogitarem e formarem a vossa própria opinião que eu não quero influenciar-vos, são ainda umas crianças e a Rosinha poderia mais tarde vir pedir-me satisfações…ui ui …

1 - Os árabes são uns coitadinhos ignorantes, menos os ricaços com carros forrados a folha de ouro com petróleo no quintal e um harém no sultanato…

2 - Os árabes são um povo pragmático que detesta a burocracia (ihihihihihihih) , não acreditam na democracia e cortam mãos e cabeças a título exemplar e por dá cá aquela palha pk o respeitinho é muito muito bonitinho…

3 -  Como nós tivemos a nossa época áurea, à volta do ano 1500, eles tb tiveram a sua, sua deles, e muito antes ainda de nós, e muito a civilização ocidental lhes deve, mas por causa do muito chá e do muito bom haxixe já se esqueceram de tudo isso e agora são só burkas e camelos…

4 - Esventrados na sua ontológica essência, por causa das divisões cegas que os ocidentais praticaram à força nos seus reinos, humilhados e ofendidos, criaram frustrações, traumas e taras sendo agora uns revoltados e ainda por cima ruins como cães…

5 - Não querem trabalhar, e com um deserto tão grande nem arranjam onde, são uns madraços, e nas suas Madrassas pregam o ódio ao ocidental que acusam de tudo fazer para lhes roubar o ouro negro, e todos querem é um bom emprego no aeroporto do Dubai…

6 - A verdade é que os ocidentais toda a vida lhes têm lixado os países, as economias, a esperança e o futuro. E eles, famintos, em vez de comerem a areia do deserto, e há tanta, ainda se viram contra nós numa atitude de ingratidão impossível de compreendermos ou aceitarmos…

7 - Não há entre eles, há séculos, um único prémio Nobel, o último terá sido no ano 2.500 a.C. e já ninguém se recorda, há meses na Turquia um grupo ganhou o Nobel da Paz, mas o nosso turismo é que tem ganho com as revoltas deles, deles e da primavera árabe, o nosso turismo e os nossos hoteleiros… para a maralha não houve ganhos, continua a lavar pratos e a limpar a merda nos hotéis por 500 euros ao mês, ou menos…. Devíamos emigrar todos ou fazer uma intifada contra eles… eles os hoteleiros…

8 - Alguns árabes são ricos, podres de ricos, mas é só com eles, nem sabem que fazer ao dinheiro, uns constroem auto estradas com princípio e fim no mesmo local depois de terem dado uma volta em círculo pelo deserto, outros financiam a “al queda”, outros o Arafat que já lá está, outros compram loiras para desfastio…. Outros armam o Hamas ou o Hezbollah para se vingarem dos israelitas que lhes roubam as terras (e roubam) e destroem as cidades….

9 - Os israelitas são os escorpiões da região e toda a gente sabe que esse bicho é um animal terrível, sofreram muito às mãos dos alemães coitados, mas mais hão-de sofrer os desgraçados dos palestinos, os israelitas são muito compreensivos e jamais esquecerão o olho por olho dente por dente…

10 - Desde os tempos bíblicos os judeus são uma sociedade militarizada, ainda hoje os presidentes e primeiros-ministros na generalidade antes de o serem todos foram militares, generais, comandantes etc…

11 - Os judeus são inteligentes à brava e já ganharam muitos prémios Nobel, e contam com apoios em dólares e apoios de costas quentes nos EUA ricos…. Por isso fabricam, inventam, produzem ou compram muito e bom material de guerra, e tb contam com muitos apoios em numerário… enfim, fazem pela vidinha e trabalham, e isso em certos meios é considerado uma ofensa, a nós por exemplo corre-nos sangue árabe nas veias e não judeu, tudo por culpa do Marquês de Pombal…

12 - Os judeus não sabem o que seja dar a outra face (desde os trinta dinheiros só conhecem as faces das moedas) nem sabem o que seja a proporcionalidade, e ripostam a fisgas com bombas atómicas e batalhões de tanques blindados… e  com misseis teleguiados…

13 - Durante a guerra do Vietname os comunistas do norte queixaram-se na ONU de que os EUA não respeitavam a proporcionalidade, e os USA foram obrigados a emendar o seu mais recente e moderno caça, o Phantom F4, e a adaptarem nele metralhadoras e canhões, o caça só tinha mísseis e rockets, e radares, que lhe permitiam reconhecer e abater o inimigo a 50 km de distância, os comunas nem sabiam quando nem do que morriam, o que era tremendamente injusto…. A ONU obrigou a combates à vista, só podiam abater-se mutuamente à vista um dos outros, como durante a II GG, essa lei da proporcionalidade tornou mais justas e menos desiguais as “justas” (justas neste caso= a lutas). Foi por não ter percebido isto, ou ter estado distraído nas aulas de formação de “condicionalismos ao uso e porte de arma” que o cabo Hugo Ernandez se fodeu e agora tosse… atirou contra um homem desarmado e atirou contra uma criança…. O resto são circunstancialismos do contexto, ou são opiniões de malta ignorante….  Um blindado contra uma fisga… ou, à falta de melhor, um judeu com uma bomba atómica na intifada contra quem lhe atira pedras…..

14 - Parece haver uma conspiração judaica no mundo, há quem atire todas as culpa aos judeus, eles só fazem como nós, pela vidinha, acho que os árabes têm inveja de tudo que lhes devemos, deve ser isso, inveja do petróleo deles que faz andar as nossas motas e carros, inveja dos empregos que temos como militares, nos exércitos, nas forças aéreas e nas marítimas, para nos resguardarmos deles, idem para as policias, civis e marítimas, judiciárias e secretas, o que eles têm é inveja dos bons empregos que temos nas fábricas do armamento que lhes cai em cima, no fundo tudo eles nos dão e como retribuímos tanta amabilidade ?? Deixamos-lhes o Saara todo só pra eles !!! Podem empanturrar-se de areia fininha ! Areia de primeira !! Queriam brioches !!!??? Ingratos é o que  são…

15 - Mal entendidos que geram frustrações, aquela malta já nem ginásios têm, nem prédios, nem cidades, está tudo arrasado, e quem nada tem a perder tudo tem a ganhar…. Lugares no paraíso ou no céu…. 72 Virgens…. Não lhe deixamos nada a que se agarrarem agarram-se ao imaterial, ao materialismo dialéctico, à metafisica, nós damos a outra face mas eles querem tudo, a nossa religião tem regras, e mandamentos, ama o próximo, e se formos mulher amaremos mesmo, amaremos as próximas se formos homens, para nós é democracia, e repartição, para eles é perdição, dissolução de costumes, eles dão muito valor aos costumes pk já nem isso vão tendo kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

16 - Razão têm os chineses, uma mulher tem que dar para dois homens ou mais, temos que saber gerir os recursos, os outros e os humanos, há que evitar frustrações, traumas, rentabilizar o capital humano, é a vida….  Que mais dizer ??? Que apesar de tudo ainda há gente boa felizmente, o Padrinho por exemplo  :D

17 - Mas já agora perguntemo-nos também porque não fogem os refugiados para os outros países árabes…. Porque não são assim tão solidários os outros países árabes…. Ou porque ao fim de algum tempo a maioria dos imigrantes ou refugiados que Portugal tem recebido o abandonam na procura de outras paragens…. Será pela mesma razão pela qual os tugas abalam daqui ?? E nem isto ainda está de rastos como outras cidades e outros países que vemos na Tv se não imaginem…..

Bem meus afilhados, espero que isto seja suficiente, e espero que se aguentem aí pela Suécia muito tempo, pois os nossos democratas apesar de quatro décadas de paz e abundância na Europa o melhor que conseguiram foi mandar-nos para o fundo de um valente buraco... Não acredito que os próximos quarenta anos sejam de paz, nem de paz nem de abundância, mas sim de individualismo, fecho da Europa sobre si mesma, terrorismo, deriva securitária, autoritarismo, fascismo, etc. por isso o melhor será irem ficando por aí... Pressinto que desta vez não haverá cenários em que este ou quaisquer outros governos consigam doravante fazer-nos crescer… Aguentem-se enquanto puderem que Salazar já morreu há muitos anos e por muito que nos custe não voltará segunda vez para endireitar esta merda...











                                      Recreio numa Madrassa palestiniana

                          
                                          Combatente judia defendendo um colonato

            
                                                   Judia saindo do Mar Morto

domingo, 15 de novembro de 2015

289 - O CARLOS GARDEL DO ISIS ……...................


Amigo meu solicitou-me um dia destes, cortêsmente, uma breve explicação sobre este personagem. Verdade que, entretido com outras coisas li superficialmente a sua mensagem e dei comigo pensando de mim para mim o que quereria o caramelo saber sobre Carlos Gardel... Por quê ?

Com delicadeza chutei-o para depois, para ocasião em que o vagar e a disposição sobrassem e a paciência sobejasse, as duas coisas, o que não deixa porém de ser uma e a mesma merda. No day after ou no outro acedi a responder-lhe e fui novamente olhar a sua mensagem. Afinal a rapidez e leviandade com que eu a lera induzira-me em erro, não era sobre Carlos Gardel que ele manifestara curiosidade, mas sim sobre Carlos Martel, o que alterava todas as premissas em especial a da oportunidade do tema e a pertinência da observação.

Essa mudança de apelido mudara radicalmente o panorama, de um cantor de tangos, naturalizado argentino e dançarino, para uma das figuras de maior relevo da história medieval europeia que, por um triz milagroso evitou que hoje todos nós adorássemos Alá… Como sabemos da história o islão ocupou a Península Ibérica, teve califado em Córdova e os pés assentes nas terras transtaganas (as a sul do Tejo), terras de onde só foi expulso no reinado de D. Afonso III, o Bolonhês, em 1249.

Reza a história que por volta do ano de 700 da nossa era, e pujante na península, o islão tentou a expansão para a Europa, tendo avançado pelos reinos francos, actual França, após ter conseguido ultrapassar com êxito a barreira natural e defensiva que os Pirenéus constituem. Contudo o sucesso perdeu-os, perdeu-os a eles homens do islão, e digo que o sucesso os perdeu pois de sucesso em sucesso, reinos francos adentro, foram indo cantando e rindo até se confrontarem com as tropas de Carlos Martel que em Tours, ou em Poitiers, aqui as opiniões dividem-se, lhes infligiu uma memorável derrota.

Digo que as opiniões se dividem porque então, como agora, as opiniões podem ser tantas quantas as cabeças que as emitem ou formulam. À falta de jornais e televisões, máquinas fotográficas, telemóveis e selfies que provem a veracidade da coisa, os de Poitiers puxam pela brasa à sua sardinha, fazendo os de Tours o mesmo. Um pouco à imagem do nosso Vasco da Gama, 1.º Almirante-Mor dos Mares da Índia, que nos afirmam ser natural da terra dos bons vinhos, a Vidigueira (e o Gama era um apreciador do néctar dos deuses), enquanto outros afirmam com a mesma convicção ser o Gama natural de Sines, terra e águas onde terá aprendido as lides de marear e a não temer o rei Neptuno nem o mar tenebroso, certeza que inequivocamente conhecemos.

Apesar de também eu ser um apreciador dos vinhos da Vidigueira, se me perguntarem direi que sob o patrocínio deles o Gama não teria ido mais longe que o sofá da sala, já quanto a Sines, chamo à colação António Sérgio * e Orlando Ribeiro ** (obrigado professora Elsa), não terei a menor dúvida em aceitar as explicações destes dois grandes mestres em como a vila piscatória terá sido o seu berço, seu do Gama. A morte ocorreria em Cochim, India, nas vésperas de Natal do ano de 1524, cidade que foi a sua honrosa tumba. Em 1539 os restos mortais foram transladados para Portugal, mais concretamente para a Igreja de um convento carmelita, conhecido actualmente como Quinta do Carmo, próximo da vila alentejana da Vidigueira. Aqui estiveram até 1880, data em que foram trasladados de novo para o Mosteiro dos Jerónimos. Há quem continue defendendo que os ossos de Vasco da Gama ainda se encontram na vila da Vidigueira, e daí a polémica existente quanto à sua naturalidade.

Mas voltando a Carlos Martel e ao sucesso que perdeu os islamitas, tal deve ficar-nos na memória como exemplo para que não sejamos invejosos, ambiciosos ou materialistas. Os soldados do islão irromperam pelos reinos francos numa campanha vitoriosa que contava anos e anos de lutas, e anos de lutas significam anos e anos de proveito de saques, de despojos, que é como quem diz toneladas e mais toneladas de despojos, a sua riqueza, a sua fortuna pessoal. Resumindo, desfizeram-se do essencial (armamento) para manter o acessório, que contudo lhes garantiria uma reforma digna. No ano de 732 Carlos Martel investiu contra um exército de soberbos a quem faltava o elementar, o tal armamento, e apesar da diferença numérica chacinou-os obrigando-os a recuar para aquém Pirenéus, até hoje.

Até hoje ou de véspera, em que bem vestidos e alimentados e melhor municiados chegam de avião a Paris, ou já por lá vivem nalgum apartamento arrendado, como fizera o 44, para no dia seguinte estarem fresquinhos e robustos a fim de continuarem a sua gesta. É tudo uma questão de logística, a logística ditou a sorte de Carlos Martel, a logística ditou a desdita de Paris.

Há pormenores, particularidades, detalhes, elementos e circunstâncias de que raramente nos lembramos, ou desconhecemos, mas que se revestem de crucial importância. Naquela época não se viajava de avião, nem de TGV ou ferryboat, naquela época os exércitos arrastavam-se penosamente sobre estradas por construir, em carroças rudimentares puxadas por cavalgaduras e carregadas de trigo, aveia, cevada, favas, alfarroba, tecidos, panos, toldos, tendas, vasilhame, pregos, ferramentas, pedras de esmerilar, fogões, fogareiros e forjas, carne salgada e fumada, cestos de costura, temperos, ervas medicinais, poções, amuletos, etc, etc, etc …

As carroças lá seguiam guinchando, ladeadas de carpideiras profissionais, “parteiras”, “enfermeiras”, poetas e trovadores, jograis e escribas, os soldados atrás carregando todo o seu armamento e o seu espólio, ou os seus despojos, e atrás destes as mulheres, as suas e as outras, e as crianças, os sapateiros, os ferreiros, os físicos (médicos), os ferradores, e evidentemente o putedo, as putas, a mais velha profissão do mundo e presença incontornável pois havia que manter o exército permanentemente animado e entusiasmado, nem todos eram casados ou amigados e o casamento como hoje o conhecemos nem sequer tinha nascido por esses dias… Quem já viu o filme “Aníbal e os Elefantes”, ou leu “A Viagem do Elefante” de José Saramago, terá uma ideia da dificuldade com que os exércitos se debatiam enquanto marchavam.

Hoje, apesar dos esforços de Carlos Martel, agraciado pelo Papa Gregório III e a quem este concedeu o título de Herói da Cristandade, hoje dizia eu, com passaporte ou sem passaporte, movemo-nos quase à velocidade da luz se comparando com essa época recuada, depois de jantarmos num restaurante de luxo, num qualquer boulevard perto da Ópera do Fantasma, ou do Bataclan, retiramos as ferramentas da mala do carro e vamos “trabalhar”… o mundo está a ficar impossível…

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

288 - ERA UMA CORRIDA ?????????????? ...............


A prova já foi há um mês e uma semana mas a minha mana contínua na dela. Rejeita o corte a cor e o modelo afirmando não ser este o dela. Mas qual era o dela ? Nem eu nem ninguém parece entender, e os média continuam tratando-nos como sendo mentecaptos, os média, os mídia, e os actores em cena.

Primeiro era que se lixem as eleições, mas quando alguém lhas lixou o rapaz mudou de opiniões, fazem-lhe a vontade e agradece com uma montanha de ingratidões…

Mas, retomando o titulo, aquilo era uma corrida ou eram eleições ? Manda a Constituição que se proceda de acordo com o que a AR entender depois do PR cumprir a sua obrigação e dever. E assim foi, o PR cumpriu a sua, e a AR cumpriu a dela, de que se queixam ? Que querem ? Outra Constituição ? Só pode ser isso, e até PPC por isso a exige, por isso e por ser tolinho mas essa é outra história.

Ninguém até agora transgrediu a Constituição, apesar de muita demagogia e parvoíce que se houve e vê durante todo o dia. Ela, a Constituição, foi elaborada por todos e salvo erro aprovada por quase todos. (penso que com excepção do CDS). Em relação a ela, Constituição, alguns podem ter sido menos delicados, como Cavaco e Silva ou PPC, ou oportunistas como A. Costa, mas ainda não foi transgredida. Era isso que o povo devia saber, ao povo ser ensinado, e não embalado em cantigas parvas pela esquerda e pela direita. Quanto à tradição é muito bonita mas não tem força de lei, a menos que se trate de um caso de direito consuetudinário*, ou usocapião**, casos que ao contrário do que possam pensar a lei (e a jurisprudência) deveras regulamentam.

Costa foi oportunista porque a votação por si obtida está longe do poucochinho que A.J. Seguro apesar de tudo ia conseguindo. Se Costa tivesse brio, honra, vergonha, caracter e tomates ter-se-ia demitido na hora. Mas a política é isto, é um jogo de vontades, equilíbrios, manipulações, consensos, mobilizações, ligações, compromissos, acordos e desacordos, o que se segue é a guerra, a continuação da política opor outros meios… O que A. Costa está a tentar fazer é absolutamente licito, legal, constitucional. 

Podemos não gostar, poderá não nos agradar, mas está funcionando a legalidade pois a politica também é contorcionismo, malabarismo, e engolir sapos. Desconheço se Costa age assim unicamente para safar o pescoço da guilhotina, é justo que tal pensemos, mas há mais aproveitadores da situação. Comecemos pelo PCP, porque não cresceu desmesuradamente apesar da crise, e não só não cresceu como a esquerda cresce sem ele, e essa esquerda que cresce é para ele uma heresia. O casual e pontualmente sortudo Bloco de Esquerda porque não deseja desaproveitar o descontentamento geral da esquerda que contabilizou excepcionalmente (nos dois sentidos do termo) e nos deseja mostrar estar à altura da situação, que não está, nem nunca esteve.

Finalmente o PS, que está a descobrir de uma forma ou de outra que terá que lutar para reconquistar o eleitorado que julgava seu, que ao longo de quarenta anos em vez de consolidar perdeu, um caso insólito que o devia obrigar a profunda auto critica e em que não deixarei de dar razão ao eleitorado. Afinal que nos tem dado o PS ? Porque havemos de votar PS ? Que nos garante o PS além de NINS, uns nem sim nem não como é seu apanágio ? O meu problema não está na coligação de esquerda que já vem com quarenta anos de atraso, que não apoio nem aprovo, e na qual não creio. As minhas dúvidas não se colocam em relação ao BE ou ao PCP, as minhas reticências prendem-se com o PS, é este o partido parasita e oportunista em relação aos outros dois. É este que precisa mais daqueles que aqueles dele, do PS, que joga o seu futuro e Costa a sua cabeça, ou o pescoço, nesta coligação original. Havendo razões para duvidar da credibilidade de algum destes partidos por mim o maior perigo virá precisamente do volúvel PS.

Acresce a estes contorcionismos o facto de quer o BE quer o PPC terem muito provavelmente grandes problemas de consciência por terem derrubado o PEC4 e o PS abrindo caminho à direita que, pasme-se, governou mal mas que apesar de tudo nestas eleições em que a sua queda era perspectivada até devido ao cansaço natural do exercício do poder, surpreendentemente cativou mais votos que qualquer outro partido isoladamente. Este partido, este PS tem que me demonstrar na prática que merece o meu voto. Há muito que assim procedo, concretamente desde que Guterres fugiu com o rabo entre as pernas em vez de se ter dedicado a endireitar a vara torta ou a drenar o pântano que afirmou ter visto. Um partido, qualquer partido, tem que demonstrar merecer o meu voto, não lho dou incondicionalmente nem ele é garantido. Não são favas contadas, não contem com ele como com o ovo no cu da galinha, não o venham buscar, antes o mereçam. Aos meus Juventude e Lusitano é que amo apaixonadamente e tudo perdoo. Não aos partidos, ou estaria a ser parvo e a jogar contra mim mesmo.

PPC merece esta coligação que contra ele legalmente se forja, PPC merece a derrota, teve oportunidade e tempo de governar para vencer e agradar apesar de tudo e não foi capaz. Foi a sua insensibilidade e inabilidade, a sua trapalhice, o seu jogo de cintura mal enjorcado quem o perdeu. Foi o ter sido mais papista que o Papa, por ter ido mais longe que a Troika, o ter falhado praticamente todos os objectivos a que se propusera, mas sobretudo o não ter nada mais para nos oferecer que o definhar no marasmo habitual, nem programa ter, nem esperança com que nos acalentar… Nitidamente governou mal, se o tivesse feito bem teria vencido, ou ganho inequivocamente. Toda a gente vira o buraco que o PS e o despesismo tinham cavado, toda a gente estava disposta a aceitar austeridade q.b., austeridade ou bom senso na condução do orçamento do país, tivessem entregado as finanças a uma dona de casa nos últimos quarenta ambos e decerto estaríamos melhor, o que se passou foi simplesmente vergonhoso. Teve na mão uma oportunidade única para ficar na história como o regenerador, vai ficar nela como o primeiro e único PM que não conseguiu fazer dois mandatos seguidos… então porque quase ganhou PPC ? É muito simples. As pessoas não são tão parvas como as julgam. As pessoas viram em PPC um malabarista de ocasião sem respaldo cultural nenhum nem estrutura moral para erguer um país, porém também não esqueceram quanto mal o seu principal opositor, o PS, tinha causado a Portugal.

Este PS não tem de igual modo autoridade moral para condenar PPC. Um não fez ou fez mal, o outro não tinha nem teria feito melhor. As largas centenas de milhar de emigrantes, que se não tivessem saído fariam disparar as taxas de desemprego para 30% ou 40% ou até mais não se devem exclusivamente a PPC. Metade desses emigrantes pode atirar com a culpa do seu azar ao PS, a Sócrates, que já ensaiava uma fuga para a frente, a promessa anedótica da criação dos 150.000 empregos foi já sintoma disso, e bastaria ver a evolução das taxas de desemprego desde 2000 para se concluir que subia sem apelo nem agravo sem que ninguém falasse nisso nem se preocupasse ou tomasse quaisquer medidas.

Ora foi dessa culpa, dessa e da do despesismo excessivo que o PS nunca se livrou. Meteu-nos no buraco e nem desculpa nos pediu, para além da corrupção que nunca combateu e cujo paleio alimentou com os casos do Fax de Macau e do aeroporto e das respectivas luvas, tudo má língua da populaça que nunca se provou nem foi esclarecida, ou a polémica em torno das acusações das autoridades Angolanas a Mário Soares e a seu filho João que contrabandeariam diamantes de sangue, coisa em que eu de todo também não acredito, ou dos negócios e comissões milionárias de Sócrates, uma mentira velada que vai ser tão provada como o foi a mentira dos submarinos. Já PPC por seu lado nunca fez a menor ideia de como sair desse buraco aberto pela crise e sem saber, ou por não saber, ainda o cavou mais fundo. Quer o PS que o PSD vão ter que mudar muito. E vão ter que lutar contra a corrupção, fenómeno transversal aos partidos do arco do poder.

É portanto pelas culpas sempre escamoteadas pelo PS que eu temo, um dia, se lhe convier, o PS vai sacudir dos ombros os parceiros ocasionais de coligação, o PS é um náufrago agarrado a tudo que puder para não se afogar, um dia poderá ser um ingrato e “bater na mulher”… Não acredito neste PS, acho que necessita urgentemente de uma salutar travessia do deserto para retornar aos seus princípios e puros valores iniciais, tenho dezenas de razões para não acreditar nele, vai ter que suar muito para voltar a recolher o meu voto, e eu até sou socialista, imaginem se o não fosse…

Mas voltando ao bife que já está frio. O acordo à esquerda apesar de tão contestado de forma demagógica ou imoral, para não dizer pior, é contudo legal, e é bem vindo, PPC já demonstrou à saciedade ser como aqueles tipos que nem foder sabem e a quem até os tomates atrapalham, não tem nada de novo nem de interessante para oferecer, a menos que sejamos masoquistas, todavia mesmo assim lhe estou grato, foi ele, ou é ele o homem que vai obrigar todos os políticos e partidos políticos portugueses a mudar, para melhor, até o dele.

Resta esperar pela reacção do PR, e que não seja ele o primeiro a transgredir demagógica, desrespeitosa e desavergonhadamente a Constituição, espero sinceramente que não.

Nota: Surpreendem-me pela negativa as reacções a este tema vindas de pessoas que julgava minimamente cultas e instruídas. Fala por elas a emoção em vez da razão, é triste e poderá conduzir a coisas tão feias como a continuação da política por outros meios…





terça-feira, 10 de novembro de 2015

287 - CARMENCITA BONITA .....................................


Facto um; Eu chegara atrasado ao café, entretanto já um magote de amigos tomara posições para assistirmos às corridas de motas na Tv e ver a prestação do português Miguel Oliveira, que venceu na sua categoria somando a essa vitória o segundo lugar no campeonato.

Facto dois; Em Valência e nesse mesmo dia, Rossi partiria do último lugar da grelha de partida por razões de todos conhecidas, e esses dois factos conjugados manteriam a malta animada, a cerveja a correr, as gargalhadas soltas e as expectativas ao rubro.

Facto três; Sentei-me no lugar que me tinham reservado e enquanto a coisa aquecia fui debicando o jornal, para ver as grandes já que às pequenas era impossível dar atenção no meio de todo aquele arraial. O Rui Coins o Sousa e um outro até equipados vieram, a rigor, boné e tudo, para colorir a festa, e nisto alguém se encarregou do comando para aumentar o volume e dar mais uma pitada de realismo à coisa.

Facto quatro; Estava eu absorto com tanta autenticidade e colorido quando a realidade se impõe e me arranca bruscamente os olhos do jornal e da Tv, deixando-me extasiado e admirando o estilizado de um sapato de salto em agulha cuja cor, forte e espraiada por todo ele me abanou de supetão, uma cor como aquela, viva, sensual, sensualíssima, lúbrica, não me era dado ver desde que a vira há muitos anos na Carmem, vestindo uma marca que eu nem conhecia, familiarizado que estava com a Wonderbra, a Triumph, a Honda, a Suzuki, a Kawa e a Yamaha, desde nem me lembra já quando, talvez miúdo...

Desta vez não era nada disso, apenas a cor começando no sapato de salto exagerado, altíssimo, onde se anichava um pé libidinoso, escultural, cujo peito o sapato deixava quase totalmente descoberto e terminando em unhas na mesma cor e tratadas, cuidadas a rigor, como se um artista se tivesse debruçado sobre elas. Olhei em redor, receoso de que alguém se encontrasse dando-me atenção e só depois me concentrei naquele par de sapatos e naqueles pés, pois já uma vez vira com atenção um par igual, ou cuja perfeição estaria muito próxima, voluptuosos, e sobre os quais me detivera, observando-os de modo minucioso e concupiscente, aplicando-me no branco puro do mármore e na pureza das formas a cuja pose o artista incutira uma extraordinária leveza, escultura talvez ainda possível visitar e ver, admirar, no museu desta minha querida cidade.

Mas hoje, neste dia de festa, apenas aquele pé lograva captar a minha atenção, aqueles pés de alabastro, lascivos, bamboleando ao ritmo da descontracção dominical num movimento pendular e sensual que uma fina presilha rodeando o tornozelo não obliterava, antes acentuava, tornando-se impossível ante o contraste com essa fina tira ignorar a pele branca e suave de um tornozelo esgueirando-se em linha harmoniosa desenhando a magra barriga da perna, impecavelmente depilada, quase luzidia, lustrosa, macia, acetinada mas firme, não musculada, bem delineada, harmoniosa apenas, ou sobretudo, e tão melodiosa que o joelho um enlevo, sem uma covinha, sem um risco, sem uma cicatriz, sem um alto, ainda levantei o braço da cadeira para dar uma pequena cotovelada e um sussurro ao Flor;

- Florival olha-me aquele par de pernas ! Divinal !

Mas no último momento contive-me, não se incomodam os deuses com brejeirices, no caso a deusa, e que pensaria ele de mim ? Ele e ela, e todos quantos se apercebessem…

Verdade verdadinha é que nem a luta na frente da corrida me distraía das agulhas, do pé divino e da divinal perna, canela, joelho sem mácula, registe-se o pormenor por não ser despiciendo, de somenos importância ou relevo, e aos poucos toda aquela imagem sentada à minha frente balançando o pé, balançando a perna, que gradualmente e na razão inversa da razão em que me perco se tornou imaculada a meus olhos e nem a gritaria me acordou pois já nem os ouvia;

- Miguel Oliveira na frente ! Força campeão ! Dá-lhe gás ! Mostra-lhes como és ! Como somos ! Aperta com ela ! Ela a máquina esclareça-se …

Só muito mais tarde viria a saber a novidade, o Miguel vencera o grande prémio, a KTM estava eufórica, para além disso o portuga subira ainda ao lugar de vice-campeão no campeonato da sua categoria, a manhã tinha sido entusiástica e eu nem dera por ela, mas por ela sim, divinal, imaculada naquela saia curta a condizer, tal qual a Carmencita que adorava conjuntos e a quem nunca vira duas peças que não casassem, enfim, gostos não se discutem e cada um tem os seus e as suas manias, as suas pancadas, e nem o alarido por o Rossi ter perdido me arrancou da abstracção ou o berreiro ao aplaudirem Jorge Lorenzo, pedrado que estava, fixado que estava nos meus pensamentos e naquela coxa sublime, certamente torneada por Deus, não me convencem que um simples mortal seja capaz de tal, de obra tão bela e quanto mais a perna balançava mais eu, entorpecido, me deixava carrear para um mundo onírico onde ninguém apostaria encontrar-me ou não estivesse acordado, tudo porque o pêndulo que me prendia como um relógio de cuco me submergia em inconfessáveis pensamentos, como se estivesse ligado a uma roda dentada em que, a cada movimento um avanço no mecanismo e eu, automaticamente vencido e arrasado por tamanha beleza me deixasse ir, vogando ao sabor das badaladas de um tempo que para mim deixara de existir, deixara de contar no momento em que o brilho diamantífero da fivela daquela presilha naquele sapato calçando tal pé me chamara a atenção, me prendera a atenção, me bloqueara o pensamento, me fixara o olhar no turbilhão de uma galáxia em que eu, orbitando o sol, esperava em cada elipse do balançar do astro no cosmos ver o que já antevia grudado que me encontrava nas inimagináveis imagens do Hubble e na beleza estonteante dos pilares da criação, cuja cor se confundia com o resto do conjunto, com a saia curta, a blusa justa e escorreita, nem ousei levantar os olhos, não se olha Deus de frente, nem Deus nem os santos nem Nossa Senhora a quem, como ante esta divindade só nos cumpre ajoelhar.

E repentinamente a lembrança da liberalidade do Papa Francisco, pergunto-me se estarei a seus olhos livre de pecado, ainda que navegando em pensamentos que nem me atrevo a confessar-vos à vista daquela coxa, mais antevista que vista, despertando em mim os melhores dos meus sentimentos, o amor, a ternura, a compaixão por mim mesmo, a piedade por este desvario momentâneo tão raro em mim, eu que me considero um pilar da sociedade, um exemplo cívico de probidade para a comunidade, e quando num repente aquela santa descruzando as pernas se levanta um relâmpago atinge-me em cheio, e por um milésimo de segundo o céu envolve-me e absolve-me numa volúpia inacreditável que nem ouso sacudir prolongando o gozo de tal aparição e deixando que o torpor me embale pois me foi dada a certeza de que o menor dos meus pensamentos e impressões estavam certos, porque sim, aquela cor dominava, é então que me envolvem anjos e querubins, ouço trombetas e cornetins, a alma no firmamento, pairando absorta no meio dos mortais que, aos tropeções e encontrões me arrancam deste sonho sonhado, sem delicadeza ou respeito como se embriagados com os resultados do derby.

- Foste mamado Baião, acorda pá ! O Rossi levou uma banhada ! Viva Lorenzo ! Viva o rei !

E lentamente, levado de arrastão por aquela turba prenhe de arrebatamento e paixão, abandonei os meus pensamentos, abandonei a Triumph, a Wonderbra, o vencedor era Lorenzo ao comando de uma Yamaha na categoria rainha e na 3 o compatriota Miguel Oliveira, vice-campeão do mundo na sua classe e para o ano guindado à categoria 2, isto promete, olho com inveja o entusiasmo desta gente e por um momento lamento não ter visto as corridas. Para o ano há mais e se o tempo ajudar pegarei na minha Suzuki e uma vez mais rumarei a sul, Puerto de Santa Maria, Jerez de La Frontera, divina Espana… Será divinal …


sábado, 7 de novembro de 2015

286 - OUTRO SALAZAR PRECISA-SE ......................


Concedo ser o título bombástico. Destina-se a chamar a atenção, e não é uma afirmação, considera-o antes uma interrogação, pois não passa de uma análise, ou, se quiseres, da busca de uma explicação para quem esteve tanto tempo entre nós. Considera este texto uma pesquisa sobre os factos que poderão explicar esse fenómeno e a sua longevidade, uma abordagem que permita compreender, para além da espuma, as dinâmicas sociais do poder, dos poderes que conduziram e conduzem amiúde os países, as empresas, as instituições e associações etc etc. Dinâmicas essas que poderão conduzir à assumpção de formas de poder como a que em Salazar observámos, o poder ditatorial.

Será este tipo de poder um estigma que marca o tipo de sociedades que se arrisquem a cair ou a enfermar de certas e determinadas características propiciadoras à instalação deste modo de governar ? Estaremos hoje inadvertida, inconsciente e levianamente conjugando de novo particularidades e peculiaridades que facilitem pressionem, despoletem ou apelem a este tipo de poder ?  

Será esse tipo de poder uma fatalidade, um determinismo ? Uma consequência ? Um desastre? Uma vantagem ? Um benefício ?

Não deixarei de vos confessar que, ao ter ouvido da boca de Manuela Ferreira Leite o desabafo que constituíria a interrupção da democracia por seis meses, a coisa me ficou zumbindo atrás da orelha. Antes de mais nada porque a senhora tinha carradas de razão, tinha e tem, ainda que o grosso da ignorância nacional lhe tenha caído em cima, à vez e por junto, numa demonstração alarve que vai sendo mais normal entre nós do que seria desejável. Ainda esperei que viessem de imediato em auxílio da madame, explicar à turba porque tinha a senhora razão, mas ninguém se levantou ou deu um passo em frente, nem ela se dignou adiantar mais quaisquer explicações por mínimas que fossem. E fez bem.

É notório, assistimos diáriamente à descoordenação vergonhosa entre os países da EU no que toca à tomada de posições em tempo útil, de soluções ou resoluções, quer quanto aos refugiados, quer quanto a outros itens, como a Ucrânia, a Grécia, os eurobonds, a inflação, o investimento, o desemprego ou a compra de dívida. São milhentas situações necessitando de respostas imediatas, mas a que a profusão de estadistas e organismos não permite dar resposta atempadamente. A democracia tem as suas desvantagens, compreendamo-lo e aceitemo-lo, desvantagens que já há dois mil e quinhentos anos Platão apontava nos escritos que nos deixou e onde a classificava como “o governo duma baixa multidão sem leis nem disciplina” (Platão, escritos Políticos, pág. 291 e seguintes, 301 e segts). Sabemo-lo não por acaso mas devido a ser citado por Heródoto, o pai da história, na sua História dos Persas (III, pág. 80’ e seguintes).

Ora no meu entender, que a par de Heródoto, Platão, Cícero, Plínio e tantos outros autores e obras que consultei, desde sociólogos a politólogos e juristas (não gosto de ver a minha argumentação apodada de ligeira ou leviana), a indisciplina a que Platão alude não se resume à das ruas, ou cívica, mas igualmente aos fundamentos éticos e à boa gestão económica da República, factores onde a nossa indisciplina orçamental campeia a par de uma moral decadente ou em decadência e uma ética diariamente atropelada parecendo não servir para mais que atrapalhar…

A nossa conduta em sociedade não parece actualmente orientar-se por qualquer modelo, desígnio ou objectivo, e, incluo os normativos de natureza jurídica que são ignorados todos os dias, de todos os modos. Ignorados quando convém, afastados pela força do dinheiro, torpedeados com falta de meios para serem fiscalizados e exercidos, de que resulta um corrupio de casos gritantes, se não obscenos, que as televisões e jornais diariamente reportam.

“Não nos governamos sozinhos nem nos deixamos governar”, e em 1926, quando Salazar foi convidado, sublinhei convidado, convidado e chamado a reorganizar as nossas finanças, a nossa democracia vivia num desregramento equiparado ao que actualmente atravessamos. Salazar foi o homem providencial que os militares encontraram para nos safar desse aperto, os democratas de então, tal como os de hoje, mostraram-se incapazes de sair do buraco onde se tinham metido, isto é, de dar ordem aos caos que eles mesmos tinham instalado.

Já Cícero por volta do ano 80’ AC nos alertava nos seus trabalhos "De Republica" (Da República I, pág. 51) e "De Legibus" (Das Leis), para o facto de a liberdade e a democracia não sobreviverem caso o governo da República fosse entregue a incapazes ou incompetentes, “nesse caso sobrevirá um fracasso tão rapidamente como num navio a cujo comando subisse homem sorteado entre os passageiros”, caracterizando a democracia como “um capricho desordenado, sem freio, da população, o qual, por sua vez, abre de novo o caminho à tirania de um só”. (I, pág. 44, 68, 69). Tenhamos em conta que um dos seus livros, “De Natura Deorum”, sobre teologia, foi muito elogiado e considerado por Voltaire, provavelmente o melhor livro de toda a Antiguidade Clássica. 

Os nossos problemas não são portanto novos, nem são novidade, serão sim novidade para a elite ignara que nos conduz. São problemas velhos como o mundo, que já foram abordados desde S. Tomás de Aquino, (Summa Theológica) a Maquiavel, no seu “Príncipe”, etc, etc, etc. A este propósito adiante-se a quem o não saiba que já em Roma o Senado podia entregar, e no período anterior a Sila (ver Direito Constitucional Romano, II1, 1951, pág. 141 e seg., 703 e sgts), entregou várias vezes o poder ditatorial a um cônsul. A ditadura romana era prevista e regulamentada pelas próprias leis da República, que em certos casos a instituía com um fim preciso. Tal assumpção ditatorial tinha por objectivo tornar possível uma actuação política rápida, eficaz e enérgica a fim de vencer uma determinada crise ou ameaça interna ou externa. Um só individuo pode agir, actuar mais rápida e eficazmente que qualquer órgão colegial, o qual exigirá conversações, concertações, tempo, compromissos, órgãos que na generalidade pecam por falta de coordenação. Atentemos que os romanos tinham aprendido tal ensinamento com a experiência, e que o direito romano nunca teve quem o superasse …

Fundamentalmente o Senado romano atribuía o poder ditatorial condicionado a um período temporal e ao cumprimento específico de uma tarefa a equacionar, sendo que posteriormente o Senado retornava às funções normais da democracia da república. Neste aspecto os romanos divergiram imenso por exemplo, de outros casos conhecidos, na Alemanha o Presidente do Império na Republica de Weimar, 1919 - 1933 (assim mesmo, Presidente do Império na Republica de Weimar), ao abrigo do Artº. 48, §2 da Constituição do Império de Weimar, pura e simplesmente dispunha de poderes ditatoriais constitucional e incondicionalmente. Logo de seguida foram outorgados pelo parlamento e legalmente, a Hitler, em 24-3-1933, poderes excepcionais, e anunciados como tal para acorrer às necessidades do povo e do império, decorrentes da "traição" da IGG, digo dos condicionalismos exagerados do Tratado de Versailhes. .

O estabelecimento de tiranias era, segundo Platão (Estado, pág. 562 e seguintes) “uma necessidade justificada por uma democracia desregrada”, pois segundo ele o “excesso de liberdade redundaria em excesso de servidão” logo a tirania seria uma necessidade imposta pelos excessos libertários da democracia. . 

Não me furtaria a dar-vos uma aula sobre este tema cuja matéria adoro, confesso que me agradaria e libertaria dos condicionalismos que uso ao escrever, pois ainda que vos poupe a longas ou profusas citações e notas de rodapé, não poderei deixar de indicar no fim do texto as fontes que cito e nas quais baseei este trabalho, tal consideração vos devo, e é de lei. Espero contudo não vos aborrecer ou cansar, e avisar que todo o texto foi alvo de aturado estudo e consulta, de muitas, variadas e diversas obras, de que poderei a qualquer momento dar-vos testemunho. 

A verdade, p’ra voltar à vaca fria, é que, com diferentes nuances ou modalidades, ou pela força das armas, o caso mais espectacular será o da Revolução Russa de 1917, (cuja efeméride agora se comemora) em que foi instaurada uma ditadura do proletariado, que colheu a simpatia de todo o mundo do trabalho e solidificou as teses comunistas, e indirectamente as socialistas e social democratas. As ditaduras sempre constituíram um último recurso dos poderes do estado ou a ele se substituíram quando este era inexistente, fraco, inconveniente ou incapaz. Para grandes males sempre existiram grandes remédios diz o povo na sua sabedoria. Alguns sociólogos cujas obras consultei justificam as ditaduras inclusive como as únicas saídas por vezes existentes, ou única solução deixada para a resolução de problemas candentes e aparentemente sem que haja quem queira dar-lhes solução, (sociólogos que não aplaudem nem tomam posição, explicam e justificam). O mesmo digo eu, que não me considero fascista, nem saudosista, nem salazarista, estou a tentar compreender como se instalou Salazar entre nós durante os quarenta anos em que anuímos tê-lo connosco, ou por nós, ao mesmos tempo que tento antecipar como iremos acabar, analisando e dissecando a história, não faço, nunca fiz e jamais farei futurologia…

Durante quarenta longos anos Salazar contou, senão com o apoio, pelo menos com a indiferença tácita de todo um povo, com a oposição a resumir-se exclusivamente quase aos comunistas, de igual forma eram eles preferencialmente os alvos da violenta resposta da ditadura contra a subversão e os insurrectos. Contudo era uma revolta pontual, de acções propagandísticas e de mobilização, nunca tendo tomado dimensão de verdadeira e sistemática contestação ou luta armada, como aqui ao lado a ETA desenvolveu contra o regime de Franco que registou muitos mortos de ambos os lados. Ao longo de 40 anos conhecem–se 32 mortos no Tarrafal, alvo da violência do regime e das condições do campo, para além deste número outras mortes pontuais há a registar de Catarina Eufémia ao General Humberto Delgado,  aproximando-se da meia centena. Qualquer morte é lamentável, e uma que seja já é demais, a oposição ao regime era fraca e a ditadura branda, temos que ponderar bem este facto mau grado todos os atropelos e sevícias cuja prática conhecemos, pois o número de vítimas consideradas está longe de se comparar aos morticínios gerados por Videla, Franco, Pinochet, Estaline, Mao, Hitler, Pol Pot ou outros carniceiros cujas mortes se contam aos milhares, às centenas de milhar e aos milhões.

No aspecto quantitativo o nosso ditador foi um menino de coro e neste aspecto dos mortos arrolados nem me alongo mais, nem avanço para as guerras ultramarinas pois até nessas as comparações favorecerão o regime salazarista se colocado lado a lado com a França e o seu comportamento na Indochina ou na Argélia, ou o dos americanos no Vietname, etc etc etc. Nem eu estou aqui para desculpar Salazar ou lavar, digo branquear o salazarismo. E para aqueles que alegarem ter-me pronunciado levemente sobre este tema das nossas guerras coloniais, adianto não ser propósito deste texto analisá-las sob quaisquer prismas. Talvez um dia o faça, no entretanto quem tiver pressa, se faz favor, chegue-se à frente agarre na caneta e força.

Salazar surgiu, como já devem ter deduzido, numa altura em que os partidos parlamentares, tal como agora, eram incapazes de se entender e muito menos de resolver uma crise por eles aprofundada e oriunda da Monarquia Constitucional, portanto igualmente parlamentar. Salazar apanhou em andamento o comboio da miséria, da desgraça, da fome, da desorganização, da pobreza e do caos, o que o obrigou a começar do zero.

Já o tenho dito noutros escritos meus sobre o nosso ditador em que sou bastante crítico, existe uma necessidade imperiosa de, academicamente se estudar de modo isento, profunda e apaixonadamente Salazar, que parece ter sido erigido em bode expiatório das nossas incapacidades e, se bem que não esteja isento de erros, o que de positivo engendrou deve e tem igualmente de ser tomado em linha de conta ou em consideração, atendendo a que pegou num país sem nada. Salazar não nos submeteu ou conquistou, respondeu a um convite excepcional que lhe fora endereçado… Portugal de então não dispunha sequer de organização administrativa, nem de transportes, nem de indústria, e vivia agarrado a uma agricultura de subsistência.

A animosidade dos nossos políticos contra Salazar parece portanto advir da inveja, António de Oliveira Salazar passou quarenta anos a erguer o que se encontrava de rastos deixando os cofres cheios, ao passo que os democratas actuais durante igual período falharam, mentiram, e afundaram o país, o que aos olhos da população os descredibiliza, e os resultados da abstenção estão aí á vista, para que nos interroguemos. Em caso de dúvida consultai o INE pois não é minha intenção fazer aqui a apologia de Salazar, que também cometeu erros, muitos erros, mas que nunca vendeu empresas nacionais a estrangeiros, nunca permitiu que a finança ou a banca ditassem ordens ou prejudicassem o país.

Salazar foi em determinados aspectos pioneiro, criou uma rede social de Casas do Povo, as primeiras Caixas de Previdência Social, incluindo as do funcionalismo público, ergueu 12.000 escolas primárias das quais o ministro Crato recentemente encerrou metade, e a par de imensos erros passou quarenta anos a erguer obra, caminhos-de-ferro, estradas, pontes, silos, portos, aeroportos, estaleiros, num país que de nada dispunha, errou mas fez, fez sem que Portugal tivesse vivido acima das suas possibilidades, sem que o país se endividasse, nem ele, nem os privados. Resumindo, foram quarenta anos a crescer, em oposição aos quarenta últimos anos em que nos entretivemos a descer, de novo e em caso de dúvida consultem-se as estatisticas do INE. Salazar errou mas fez, e poder-se-ia explicar (não justificar ou perdoar e muito menos louvar) cada passo dele, mas não é essa a intenção deste texto, nem a minha.

Somente pretendo alertar para o facto de os ditadores aparecerem sempre como homens providenciais, foi assim com Salazar e com outros que já aqui citei. Somente pretendo perguntar-vos se não achais estarem sendo criadas de novo as condições para o aparecimento de outro homem providencial. Encontramo-nos num labirinto muito perigoso. Deixo-vos a interrogação e a explicação de como e quando ou desde quando as ditaduras são vistas como ferramenta politica não mais prejudicial que muitos e legais partidos com um ainda mais legal assento parlamentar, ou como diz a piada que corre, “para lamentar”.

O nosso país apresenta actualmente todas as características que conduzem ao caminho em que uma ditadura que se queira instalar contará, uma oposição popular inexistente e que poderá mesmo vir a aplaudir essa ditadura como o aparecimento de Salazar o foi. Somos um país disfuncional. Talvez mesmo a democracia seja entre nós inviável, somos um país desestruturado social e economicamente, somos um campo fértil para o surgimento de um ditador sabido e esclarecido poder campear. Será tarefa fácil num país como este, incapaz de gerar riqueza para todos, incapaz de produzir, de competir, de se organizar. Não faço ideia de quem seria a personalidade que avançaria disposta a pegar no facho mas teria que ser sábia e sabida como Salazar era, terá que estar livre e disponível para a nação, liberta de constrangimentos, liberta de culpas e sem ligação às finanças e ao mundo empresarial, enfim, capaz de cortar a torto e a direito para endireitar isto e dar-nos de novo, no mínimo, outros quarenta anos de paz e já agora de abundância. É hoje necessário, senão imprescindível e como nunca, marcar e atingir objectivos e metas, forçar concertações e coesões, aglutinar vontades, gizar e fomentar consensos, obter compromissos, à força se necessário. E tudo em menos tempo que a piscadela de um farol !

A democracia não pode passar o tempo a desculpar-se do que devia fazer e não fez, ou não faz, ao contrário dela as ditaduras impõem-se, afirmam-se e não perdem tempo com salamaleques desnecessários. Em política não há espaço para o vazio, alguém, de algum modo o há-de ocupar, a história assim no-lo diz, assim o ensina, quando a ignorância toma conta da cidadela então tudo se torna mais fácil de manipular e se continuarmos brincando, até ver onde tudo isto nos levará, poderemos acabar muito mal. Não esqueçamos que Salazar foi aplaudido pelas populações, e ainda hoje goza de admiradores tais que há poucos anos ganhou um concurso televisivo de popularidade. Quer à esquerda quer à direita olhamos e é uma lástima. Dá pena, mas a verdade é que este país está de tal modo embrulhado em contradições que somente uma pessoa excepcional, isenta e com tomates lhe poderá agarrar as rédeas. Fechamos maternidades, escolas, linhas e ramais de caminho-de-ferro e postos de saúde. Temos arrendamentos habitacionais de valor superior ao que aufere um membro da maior parte das famílias, sobram auto-estradas caríssimas e desertas envelhecendo sem trânsito por não haver dinheiro para portagens ou sequer gasolina para se circular nelas, mantemos abertas universidades funcionando aos sábados e domingos e fornecendo diplomas em saldos… damo-nos ao luxo de manter milhares sem emprego num país que compra quase tudo lá fora e que quase nada produz podendo, potencialmente dar emprego até a marcianos.

Há muito que tenho para mim que o problema nem estará tanto nos regimes mas nas pessoas, a URSS nunca teria vencido a guerra sem a personalidade forte de Estaline e a sua capacidade, que deslocou as indústrias para o interior e oriente poupando-as aos bombardeamentos, e que tornou a URSS uma potencia industrial em poucos anos. Mas adianto também ter sido enormemente ajudado pelos fascistas capitalistas americanos que para ali canalizaram camiões, milhares deles, canhões, botas e todo o tipo de ajuda incluindo alimentar. Já a China soube aproveitar o melhor de cada regime e casou o comunismo com o capitalismo. O problema são as pessoas, a solução estará nas pessoas, umas complicam enquanto outras descomplicam, quanto a nós portugueses o pior inimigo que enfrentamos somos nós mesmos, somos uns cães uns para os outros, creiam-me, e fico-me por aqui.

Convivemos com uma direita que numa semana não quer o que aceita na seguinte e que depois de um mandato trapalhão em que nos promete mais austeridade mais divida e mais dificuldades, sem um programa, sem um desígnio, sem metas nem objectivos, se admira por ter ficado aquém da maioria absoluta, a par duma esquerda sem clientela por ter andado quarenta anos enganando-se a si mesma e aos outros com nins atrás de nins e que nos meteu num buraco, por negar a austeridade quando era precisa e que agora aposta nela de novo e em cheio, traumatizando meio mundo, mas que espera ganhar calando-se bem caladinha para que ninguém repare e votem nela como no tempo das favas contadas. De um lado e de outro só conseguimos vislumbrar falta de bom senso e a negação de um despesismo corrupto, corrupção aliás transversal aos dois maiores partidos e que nos atira para o buraco mantendo-nos um pé em cima. De um lado um partido em que os portugueses não confiam e do outro lado um em quem confiam ainda menos, é este o panorama…

Onde havíamos de ter nascido meu Deus, foi azar, num país de irresponsáveis onde a desresponsabilização fez doutrina gerando iniquidades e desigualdades que uma justiça podre jamais colmatará, uma catrefa de deputados regra geral infantilóides e mentecaptos submetidos a uma disciplina partidária castradora e obscena, e para rematar um PR que nunca ouviu falar de Adam Smith e confunde Thomas More com Thomas Mann … O diplomata e historiador Filipe Ribeiro de Meneses lançou há tempos uma óptima biografia de Salazar, talvez há um ano ou dois, porém editada em inglês e exclusivamente distribuída nos países de língua anglo saxónica, ele lá saberá por que não editou a obra cá, cujos direitos o semanário Expresso adquiriu e editou há uns meses em fascículos. Distribuídos gratuitamente com o semanário chegou a muita gente, contudo duvido que todos os tenham lido, quero crer que a ignorância se mantém mesmo que os testemunhos estejam à mão de semear. É uma obra que finalmente foi editada em português e pode ser adquirida, certamente por encomenda, em qualquer livraria, recomendo-a vivamente.

Sendo que o país não andará longe do modo como o pintei, não se admirem se um dia vier o tal “homem” e seja recebido de braços abertos quer seja do Benfica, do Sporting, Portista ou do Boavista, começando por meter uma centena de juízes no Aljube e em Caxias para exemplo dos outros e os motivar a trabalhar com mais afinco que uma mulher-a-dias… E tudo isto em menos de um farol… 


P.S. Este texto foi escrito sábado, constatei que nem o exercício da NATO e a sua suposta ameaça alterou os resultados de domingo, se dantes tínhamos um governo minoritário sem apoio parlamentar, agora teremos um governo minoritário com apoio parlamentar, a coisa terá ficado mais estável, porém não abandono os meus receios...